Todos os cérebros contam – TCE
Viver com lesão cerebral – Traumatismo Crânio Encefálico ligeiro na (primeira pessoa)
– Preciso de muito mais descanso do que costumava ter. Não tem a ver com preguiça. A fadiga física junta-se á “fadiga cerebral”. É difícil e cansativo para o meu cérebro pensar, processar e organizar.
– A minha resistência flutua mesmo que aparentemente possa parecer que está tudo bem do “lado de fora”.
Cognição é uma função frágil para um sobrevivente de lesão cerebral. Alguns dias são melhores do que outros. Ir demasiado rápido geralmente leva a contratempos, às vezes à doença.
– Reabilitação de lesões cerebrais demora muito tempo. Geralmente esse tempo é medido em anos. Ela continua durante muito tempo após a reabilitação formal acabar.
– Resistir a muitas situações sociais não é estar a ser difícil. Multidões, confusão e sons altos rapidamente sobrecarregam o meu cérebro. Ele já não filtra sons como costumava fazer. Limitar a exposição é uma estratégia, não um problema comportamental.
– Se houver mais do que uma pessoa a falar, posso parecer desinteressado na conversa. Isto acontece pela dificuldade em seguir todas as diferentes “linhas” de discussão. É exaustivo tentar juntar todos os pedaços da conversa. O cérebro fica sobrecarregado.
– Se estivermos a falar e eu disser que preciso de parar, preciso de parar agora. Preciso de tempo para processar a conversa e a única forma é fazer “pequenas pausas” de todo o pensamento.
– É preciso tentar perceber as circunstancias, se um problema de comportamento surge. Problemas de comportamento (como irritabilidade) são muitas vezes indicação da incapacidade de lidar com uma situação especifica, e não um problema de saúde mental. Há dias em que a confusão e o ruido são muitos, fazendo com que o cérebro não consiga filtrar.
Paciência é o melhor presente que se pode dar a alguém que sofreu uma lesão cerebral – Traumatismo Crânio Encefálico ligeiro. Permitir que a pessoa tenha o seu próprio ritmo de recuperação. Reconstruir caminhos no cérebro demora.
É preciso voltar a conhecer as estradas principais do nosso cérebro para depois aprender os atalhos. Repetir tarefas na mesma sequência é uma estratégia.
Tarefas que costumavam ser “automáticas” eram feitas sem o mínimo de esforço, agora demoram muito mais tempo exigindo a implementação de inúmeras estratégias.
É uma exaustão reaprender a viver no novo “eu”. Nos dias bons e nos dias maus. Mês após mês, ano após ano.
Mas no fim, estamos todos a aprender o mesmo: o potencial do nosso cérebro.
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